Muitas foram as experiências vividas junto aos seus doze irmãos. Vez ou outra, ele relembra alguma delas.
Recorda que, menino, achava estranho que sua mãe não tomasse as refeições com os filhos.
Um dia, lhe perguntou por que ela não se alimentava com eles. Com um sorriso de ternura, respondeu:
É que não sinto fome, meu filho.
Ele não conseguia entender como alguém podia não ter fome desde que ele, menino, vivia com fome, parecendo que a comida oferecida não lhe bastava.
Hoje, adulto, vivendo a maturidade, ele sabe que sua mãe deixava de comer não por falta de fome e, sim, por falta de comida.
Mulher semianalfabeta conduzia os filhos com tanto amor que nenhum deles percebeu que renunciava à comida para que eles pudessem se alimentar.
Jamais os fez se sentirem culpados pelas dificuldades que a família enfrentava.
Esse é o verdadeiro amor.
O amor que sabe renunciar até mesmo às necessidades básicas para que os filhos cresçam seguros e sem culpa.
Hoje ela habita no mundo dos Espíritos e, certamente, pode contemplar cada um dos seus filhos como quem fez tudo o que devia ser feito para que se tornassem pessoas de bem.
Lamentavelmente, por vezes, alguns de nós, na qualidade de pais e mães culpamos os filhos por algumas questões que não podemos concretizar.
Vez ou outra, afirmamos que não conseguimos seguir a carreira escolhida, que não pudemos aceitar certas promoções, por causa dos filhos, que chegaram na hora errada.
Se as contas se acumulam, se falta dinheiro, os filhos levam a culpa. Afinal de contas, o colégio é caro, os livros, as roupas, as suas exigências consomem nossas economias.
Nesses dias de tantos desencontros entre pais e filhos, vale a pena meditar a respeito da renúncia dessa mãe que se privava do alimento para que os filhos pudessem sobreviver.
Vale a pena pensar na grandeza do amor...
Do amor que sabe renunciar e sabe calar para não ferir os sentimentos daqueles com quem convive e que dependem da segurança do lar para crescer e dignificar o mundo.
Os filhos crescem rápido e, mais cedo ou mais tarde, saberão reconhecer os nossos esforços e renúncias.
Caso não reconheçam, pensemos como a vida não teria sentido sem a presença deles no lar.
Consideremos que o tempo que dedicamos aos filhos não é tempo que perdemos, mas tempo que investimos.
Investimos no amor, investimos na educação, tentando moldar cidadãos de bem para a sociedade.
O verdadeiro amor é aquele que é capaz de renunciar sem ferir e de se dedicar sem cobrança.
* * *
O amor de mãe é a mais sublime expressão do amor na face da Terra.
Nada se pode comparar à ternura de uma mãe abraçando os filhos seus.
De igual forma, nada se pode comparar à segurança de um pai que acalenta, educa, ama.
Essa é a razão porque, na medida em que crescemos, vamos entendendo a preciosidade desses amores, que nos sustentaram na infância e conduziram na adolescência.
É por isso que os recordamos, vez ou outra, no horto da saudade e no jardim da gratidão.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita v. 2, ed. FEP.
Em 6.12.2025